segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Vamos morrer hoje.

Hoje trouxe minhas coisas devolta.
Hoje bati no lado fraco e defendi o forte com as mãos.
Hoje só iremos existir até a hora de dormir.
Hoje acabamos, encerramos os outros planos e pensamentos.

Não vamos morrer hoje.

Hoje morremos com a força que nos levanta em dias pulados.
Hoje vemos que o peito dói e pesa sempre.
Hoje somos aquilo que não queriamos ser.
Hoje somos o supernatural do ordinário que somos.

Não morremos por overdose.

Morro pelo peito.
Morro pelos olhos.
Morro pelo útero.
Sem deixar quem lembre pra trás.

Morte sem dor e sem efeitos colaterais.
Acho que morro sozinha.
Como vivo sozinha.
Respiro sozinha.

Deixo sozinhos os outros.
Morte de cada um é buraco que deixamos na vida dos outros.
A morte de cada coisa...
Não sei se mato, arrasto ou conserto.

Tinhamos atravessado os limites.
Acho que morro.

E quando volta a hora de matar de novo?